25 de janeiro de 2012
NadaCrônicas
Ou Ainda O Galanteador Comunista
- Olá, companheira.
- Companheira de quem? De você, barbudo?
- Claro, por quê não?
- Mas nem te conheço.
- Meu nome é Lenin Stalin Mao Marx Engels Guevara-Castro, mas pode me chamar de Flavio.
- Você é muito estranho. Você é um daqueles fãs malucos do Los Hermanos, não é?
- Não, meus hermanos são outros. Tem o Chavez, o Morales, Correa, Noriega...
- Quem?
- Não importa. Estou aqui por uma nobre causa.
- E qual seria esta nobre causa?
- Quero que você divida seu latifúndio comigo. É rapidinho, dois minutos, juro.
- O quê? Sabia que tenho namorado, e ele é faixa preta de caratê?
- Poxa, companheira, fala para ele que ele tem que dividir o que ele tem sobrando com os menos afortunados. Abaixo ao monopólio! Viva a ditadura do proletariado!
- Não o nome dele não é Monopólio, é Valdemar. Um loiro alto, olhos azuis, lindo.
- Yankee!
- Não, é Valdemar.
- Neoliberal estadunidense, sabia.
- Não, ele é de Cascadura, mesmo.
- Bem, isso não importa. Meu papo é com você. Quero te mostrar a força do meu operariado, se é que você me entende.
- Sabia que você é muito insistente?
- Mas temos que ser insistentes para alcançar a revolução, ou o par de peitos mais próximo, tanto faz.
- Você é um grosso, sabia?
- E você é uma pobre vítima do capitalismo selvagem estadunidense, que pode até calar as nossas vozes, mas ele sabe que nunca vai se livrar da revolução, pois a revolução está escondida em cada gueto, em cada lugar onde a injustiça impera, esperando uma chance para se levantar contra o sistema neoliberal...
- Nossa.
- O que?
- Suas palavras. Foram profundas. Eu acho que vou te dar uma chance.
- Eu sei, aprendi quando passei um tempo em Havana.
- Com Fidel?
- Não, com companheira Maria Del Barrio, uma moça da vida. Muito profunda. Ou pelo menos algumas partes do corpo dela eram profundas, que seja. Endurecer, sim, perder a ternura, jamais!
- Posso te fazer uma pergunta?
- Uhum.
- Se você é comunista, então significa que você vai me dividir com seus tais companheiros?
- Claro que não. Só se o Partido Comunista da União Soviética me pedir.
- Mas a URSS não existe mais.
- Por isso mesmo, não quero correr perigo.
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