Um (breve) Manifesto à Preguiça
Por Flavio Braga
*Dedicado apenas para Marx, Engels e Jaiminho, o de
Tangamandápio, para evitar a fadiga.
Esta é a primeira declaração do partido que se intitula
Partido da Preguiça, representado na figura deste que vos fala, que conta com
vários membros e colaboradores em todas as partes do mundo. Até declararíamos
guerra ao sistema, mas já beira às 19 horas de uma sexta-feira. Deixa para
segunda.
Amigos, uma sombra de coqueiro paira sobre o neoliberalismo
– a sombra da preguiça.
Durante toda a história da Humanidade estivemos relegados ao
papel de vilões. Desde o engenheiro que calculou mal o nariz da esfinge no
Egito (deu no que deu) até o burocrático funcionário público brasileiro. Não é
de nosso feito lutar por um papel de protagonista na História, até porque ser
protagonista dá muito trabalho. Estamos apenas exigindo o respeito que
merecemos. Respeito, sombra, água fresca e um Playstation 3.
A história de toda Humanidade até nossos dias não foi mais
do que a luta do trabalho contra o ócio criativo.
Espartanos e a filosofia ateniense, a formiga e a cigarra,
paulista e o baiano, o Caxias e o malandro – numa palavra, o workhalic contra o
preguiçoso, em oposição constante, que só não travaram uma luta sangrenta
porque o preguiçoso estava dormindo depois do almoço.
A sociedade moderna, construída sobre o alicerce de uma
suposta liberdade, não aboliu a tentativa de lição moral onde só o workhalic é
tido como exemplo a ser seguido. Muito pelo contrário, apenas estabeleceu o
politicamente correto para que nós, preguiçosos, não pudéssemos tirar uma
soneca com todo esse estardalhaço que fazem em prol de trabalhar e produzir
cada vez mais.
O neoliberalismo julgou-se o último biscoito do pacote de
Trakinas, mas só faz explorar desde bandas de reggae até crianças vietnamitas
em prol do lucro predatório. O neoliberalismo não é um santo remédio como
julgavam os economistas de palavras incompreensíveis em meados do distante
século XX. É uma afronta à nossa santa preguiça de cada dia. Amém!
Não há mais preguiça num mundo onde cada pessoa parece um
Simeone pronto para dar um carrinho violento no primeiro brasileiro que cruzar
seu caminho, baseado no mantra “fique rico ou morra tentando”.
Os preguiçosos não tem nada a perder senão seus
despertadores. Tem uma rede de dormir novinha esperando na varanda mais próxima
para ganhar.
PREGUIÇOSOS DE TODO O MUNDO, UNI-VOS!
Uni-vos para um luau, ao pôr-do-Sol, claro.
P – Partido da Preguiça (o “P” de Preguiça do nome do
partido saiu para almoçar. Volta depois das 16 horas só para bater o ponto).
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