“Vendo que a
nudez gratuita não tinha mais graça, o ser humano inventou a roupa.” Claro que essa
frase não justifica o fato do ser humano ter chegado à conclusão de que era
necessário inventar uma maneira de proteger sua pele tão frágil de um mundo tão
hostil. Mas a frase, se a gente analisar o ponto de vista sexual, até que faz
sentido. Se eu não soubesse de outros porquês da utilização de roupa por parte
do ser humano, como a proteção da pele contra intempéries da natureza, demonstrar
status, distinguir e/ou identificar os mais diferentes grupos existentes em
cada sociedade – vamos lá, se tiver alguém que entenda de moda ou da História
das Roupas, me ajude, posso estar falando besteira! -, até que eu me conformaria
com essa resposta, sei não. Até porque a gente tem essa pose de animal racional
e tudo o mais, mas quando o lado instintivo aflora, não há razão que segure a
besta que mora no âmago de cada um de nós.
E a invenção
da roupa pode ser considerada, curiosamente, uma “preservação” do nosso lado animal, pois uma
das coisas que move o irracional é o desejo. E nada mais racional da parte do
homem em preservar o desejo ao inventar a roupa, pois se a nudez gratuita é
broxante, nada melhor do que transformar a nudez em algo transgressor. E em
matéria de quebrar regras, sabemos que somos os melhores na natureza. O strip-tease
e os fetiches por uniformes não me deixam mentir.
--//--
... E Assim
Nasceram Os Primeiros Costureiros
- E aquela
bundinha ali?
-Já vi, vejo
todo dia, nem tem mais graça.
- E aqueles
peitos ali, ó? Firmes, bonitos de ver.
- Mas enjoa.
Até o que é bonito enjoa, cara. Tá errado isso. Tem que existir uma maneira de
tornar essas bundinhas, esses peitinhos, mais atraentes.
- Mas como?
- Sei lá,
tem que ter algo misterioso, que mexa com a gente, a tal ponto que a gente
imagine como as pessoas podem ser por trás desse mistério todo... Com isso, a gente fica ainda mais maluco por
bundinhas e peitinhos alheios. Entendeu?
- Que tal
algo que encubra essas partes do corpo humano que mexem mais com o desejo das pessoas?
- É uma boa.
- Não é?
- É. E isso
vai ter outra serventia, muito importante.
- Qual? De distinguir
os líderes dos grupos dos demais? De proteger a pele?
- Não. Será
a chance de homens como a gente, com a genitália bem menor do que a dos outros,
termos alguma chance com as moças. Pois se escondermos essa miséria, teremos
mais chance de dar uma enrolada nas moças. Elas vão cair na nossa conversa e na
hora do “vamos-ver”, não vão ter mais pra onde correr. Já que está ali, na
vontade, não tem tu, vai tu mesmo.
- Verdade...
- É uma
questão de perpetuar nosso pequeno legado, se é que você me entende.
- É mais do
que isso, meu caro, é privilegiar o mais inteligente. Nosso sex appeal ta aqui,
ó, na cabeça!
--//--
Talvez, não
há nada que mais contribua para o sexo do que a roupa. A gente acorda todo
santo dia e escolhe a roupa mais legalzinha pra sair pro trabalho, pra se
divertir, ou até mesmo pra comprar pão, com uma única intenção: tirarmos essa
roupa. Melhor, a intenção é tirarmos nossa roupa e a de outro alguém. O ato de se vestir é, na verdade,
a intenção de se despir. O resto da história todo mundo sabe. O ser humano é
bicho engraçado mesmo...
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