Não é sobre um cara baixo, é sobre o baixo, instrumento. A piada é essa, podem rir.
Com o baixo em punho, eu não sou Flavio, e sim a versão afrodescendente do Sting, o Stineguinho. Enquanto o Sting - que é loiro, alto, fala
inglês - nutre simpatia pelos índios, eu – negro, olhos que hipnotizam, dreadlocks selvagens
ao vento, que mal fala o português - nutro amor eterno pelas índias. Pelas
índias, pelas negras, pelas brancas, pelas asiáticas, por todas mulheres no
mínimo engraçadinhas desse mundão. E meu pequeno quarto de repente se
transforma e, do nada, vira um estádio, onde uma multidão espera pelos meus
“grooves” e “iê-iê-iês” de meia tigela. E tudo tão bonito, tão gostoso, mas é um
sonho. Mas é meu sonho.
E graças ao meu baixo.
Enquanto o violão serve para assustar a solidão, que ainda
insiste em vir bater um papinho comigo de vez em quando, o baixo serve para dar
asas a minha imaginação. E, mesmo que o baixo seja grande o suficiente para
esconder eu e minha timidez atrás dele, eu, teimoso que sou, me meto a cantar
enquanto toco, feito o ... Sting. Para quem mal sabe seu próprio nome todo, até
que estou me dando bem nessa, cantando e tocando baixo. Mal, mas fazendo os
dois quando a coordenação motora me permite. Ninguém reclamou, mas deve ser
porque eu toco de fone no ouvido. Ninguém me escuta. Ainda bem.
Agora me deem licença, tem uma multidão imaginária no meu quarto a
espera do melhor baixista daqui de casa. Volto daqui a duas horas. Fui!
2 comentários:
Escrevendo bem como sempre.
Torço para que tenha feito a melhor escolha, sinceramente.
Quanto a mim, me caso no final do ano que vem. Com um cara bonzinho. E terei até ex-namorados como convidados, porque ele confia em mim e respeita meus amigos.
Eu, certamente, fiz a melhor escolha.
Parabéns! Que sejas muito feliz. Você merece.
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