Estava já no
banheiro, prestes a entrar no banho (portanto, nu em pelo), e percebi que minha
toalha estava no meu quarto. Não tinha ninguém em casa para poder pegar a
toalha para mim. Logo, fui imediatamente ao meu quarto, numa viagem de três ou
quatros passos que me permitiram uma pequena reflexão: como é bom estar pelado!
Não me
entendam mal, não sairei por aí mostrando minhas vergonhas pela rua, nem vou
chegar "sem querer" perto das janelas aqui de casa sem estar com meu
corpo minimamente coberto. Mas vocês hão de concordar que ficar pelado dá uma
sensação enorme de liberdade, certo? Se o fato de ficar sem roupas intimas para
dormir já é uma "liberdade condicional", o que dirá ficar peladão? É
uma sensação de Paraíso em vida. Inclusive acredito que Adão e Eva, aqueles, os
do quiproquó da maçã, com certeza aprovariam minha nudez (na verdade, acho que
quem aprovaria minha nudez pra valer seria a Eva, mas esse não é o cerne da
questão).
Porém, quando
me vi nu, ri por uns bons dez minutos. Não sei quanto vocês, mas penso que a
nudez masculina é uma das coisas mais engraçadas da natureza, pois não tem como
não rir da barriguinha saliente, do
testículo mais caído do que o outro, dos fios de cabelo que você não entende o
porquê deles estarem em lugares que há alguns anos seriam
inimagináveis, como a pia do banheiro ou nascendo dentro da orelha, essas
coisas doidas. Voltando a usar um exemplo bíblico, acredito que, quando Deus fez o homem e viu o resultado final,
falou: "esse troço pode até ser a versão beta, mas vai ficar assim mesmo.
Mas vou tratar de usar uma coisinha ou outra que deu certo para fazer coisa bem
melhor acabada!". Aí, depois de repensar seu projeto inicial - o homem -,
fez a mulher, com sua perfeição milimetricamente arquitetada e falou
"Agora caprichei. Vou aproveitar que já é domingo, deitar no sofá e
descansar".
Depois de
rir da piada que é o corpo de um homem comum com seus quase 30 e filosofar
sobre minha nudez, confesso que parei, olhei para o corredor daqui de casa e
fiquei tentado a "dar uma estrelinha", mas sabedor do quanto sou uma
nulidade em cálculos e em jeito principalmente, desisti e me conformei com uns
dois pulinhos, só pra dizer que fiz uma graça. Mas mesmo essa pequena
frustração não foi suficiente para diminuir meu ego, que estava inflado, por me
considerar tão dono do meu território a ponto de andar pelado por ele. Quer
maior exemplo de conquista de território do que esse? Impossível. E atentem-se
ao tempo verbal que usei, eu ESTAVA com o ego inflado. Estava, pois o ego esvaziou
rapidinho quando um vento sudoeste bateu
repentinamente nas minhas partes íntimas e me colocou no meu devido lugar. Mas,
pelo menos, acertei a previsão do tempo: realmente, naquele dia, horas depois,
fez um frio danado.
2 comentários:
Se eu fosse, iria me divertir fazendo pirocópteros por aí!
Eu confesso que sinto um misto de vergonha e curiosidade de me olhar peladona, acho que psicologicamente, nós somos meio que programados a nos sentir culpados...
Amei o texto, como sempre!
Indicado!!
https://vendendonossaartenapraia.wordpress.com/2015/06/02/eba-tag-liebster-award/
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