"O que importa na vida não é o simples fato de ter vivido. A diferença que fizemos na vida dos outros que vai determinar a importância da vida que conduzimos."
Desde pequeno,
sempre tive a ligeira sensação da importância de Nelson Mandela. Aquele senhor,
que a minha mãe até hoje fala que lembra bastante meu avô paterno e que meus
tios sempre falaram que era “um negão foda”, sempre marcou presença em minha
vida. À medida que fui crescendo, fui pesquisando a respeito da sua
importância. Porque, afinal, esse homem era tão elogiado, idolatrado, endeusado
(mesmo contra sua vontade)? E comecei a entender o motivo. E mesmo que
superficialmente eu e muitos outros sabíamos que aquele senhor de aparência tão
amigável era um grande guerreiro.
E isso até o
dia em que ganhei de minhas amigas Vitória e Lucia uma biografia sobre Nelson
Mandela. Admito que gostei do presente à primeira vista. Estava terminando de
ler a autobiografia do Malcolm X e terminar de lê-la e começar a ler sobre o
Mandela parecia uma boa ideia. Dois grandes homens que, mesmo sendo
completamente diferentes em personalidade e tudo o mais, tinham em comum a luta
por igualdade, para que os seus fossem tratados como gente, afinal. Porém,
confesso que dando uma lida ligeira no livro que eu acabara de ganhar, confesso
que achei que o livro estava mais para autoajuda do que para registro
histórico. Mas mesmo assim o li.
E li. Reli. Re-reli.
Tanto que o tenho hoje como livro de cabeceira. Além disso, considero que foi
um dos presentes mais especiais que ganhei em toda a minha vida. Aquela imagem
de “senhor amigável” que eu tinha de Madiba se transformou. Passou a ser mais,
muito mais. Passou a ser a presença de um herói, que, obviamente, possuía seus
defeitos e que pode ter errado aqui ou acolá, mas que a virtude de uma pessoa
boa pesa muito mais do que seus deslizes. Mais do que um herói, passei a
considerar Madiba um “avô africano distante” que eu falava como se ele fosse,
de fato, da minha família.
E como o
considerava um “ente querido”, chorei sua morte feito uma criança. Sei que sou
uma manteiga derretida, mas confesso que chorei tanto quanto chorei a morte de
pessoas próximas. Mas o que me conformava era que enfim ele teria seu descanso
merecido, pois dedicar uma vida inteira por uma causa é tarefa árdua e nem
sempre termina como queremos. Mas creio que o verdadeiro fracasso para heróis como
Madiba é morrer sem ter lutado. E me prometi (mais importante, prometi a Madiba)
que dedicaria minha vida a lutar por mais justiça e igualdade, ou ao menos
tentaria, pois sei que não tenho a força e determinação que Madiba tinha. Se isso
serve de legado, acho que Madiba está orgulhoso, onde quer que esteja.
Quando alguém
morre, a única coisa que permanece é seu legado. E ao acordar todo santo dia,
me pergunto que legado estou deixando para o mundo. Acredito que Madiba se fazia
a mesma pergunta. E eis seu legado, Madiba: Enquanto houver esperança, luta e
gente que não fecha os olhos para as mazelas do mundo, você e tantos outros que
morreram em prol disso serão honrados.
Viva Madiba!
Um comentário:
Mesmo que teu legado não seja, de todo, admirável, com certeza teus textos são um excelente exemplo do ótimo escritor que és.
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